Carlos e Sandra* ficaram chocados quando a filha de 15 anos entrou na sala. O cabelo, que antes era loiro, agora estava bem vermelho. Ainda mais chocante foi a conversa que se seguiu.
“Por acaso nós demos permissão para você pintar o cabelo?”
“Bem, vocês nunca disseram que eu não podia.”
“Por que você não nos perguntou?”
“Porque eu sabia que vocês diriam não!”
COMO Carlos e Sandra podem confirmar muito bem, a adolescência é uma fase tumultuada, não só para os filhos, mas também para os pais. De fato, muitos pais estão totalmente despreparados para as grandes e repentinas mudanças que acontecem em seus filhos quando atingem a puberdade. “De repente, nossa filha mudou”, lembra Bárbara, uma mãe no Canadá. “Eu me perguntava: ‘O que aconteceu com minha filha?’ É como se tivesse sido trocada por outra pessoa enquanto estávamos dormindo!”
Bárbara com certeza não é a única mãe a ter passado por isso. Veja o que vários pais disseram à Despertai!:
“Quando meu filho entrou na adolescência, parece que de repente ficou mais teimoso e mais propenso a questionar nossa autoridade.” — Lia, Grã-Bretanha.
“Nossas filhas ficaram mais inseguras, especialmente quanto à aparência.” — John, Gana.
“Meu filho queria decidir as coisas sozinho. Não queria ninguém lhe dizendo o que fazer.” — Celina, Brasil.
“Nossa filha não queria mais ser beijada ou abraçada por nós.” — Andrew, Canadá.
“Nossos filhos ficaram mais agressivos. Em vez de aceitar nossas decisões, eles as questionavam e as contestavam.” — Steve, Austrália.
“Minha filha escondia o que sentia. Ela se fechava em seu mundinho e ficava irritada quando eu tentava entrar nele.” — Juanita, México.
“Nossos filhos costumavam esconder de nós o que faziam e pensavam, e queriam mais privacidade. Em geral, preferiam ficar mais com os amigos do que conosco.” — Daniel, Filipinas.
Caso você tenha um filho adolescente, talvez se identifique com alguns dos comentários acima. Nesse caso, tenha certeza de que é possível compreender esse “estranho” em seu meio.
Um provérbio bíblico diz: “Adquire sabedoria, adquire compreensão.” (Provérbios 4:5) Essas duas qualidades são essenciais ao lidar com um adolescente. Você precisa da compreensão para olhar além do comportamento de seu filho e perceber exatamente o que ele está passando. Também precisa da sabedoria para reagir de maneira a continuar ajudando-o a se tornar um adulto responsável.
Não pense que seu filho não precisa de você só porque ele parece estar cada vez mais distante. O fato é que os adolescentes precisam — e até mesmo querem — que seus pais participem nessa fase desafiadora da vida. Como a compreensão e a sabedoria podem ajudar você a dar essa orientação?
Obs(ps):Os nomes nesta série foram mudados.
Educar adolescentes — o papel da compreensão
Imagine que você esteja visitando um país estrangeiro e não fale a língua nativa. Sem dúvida, a comunicação seria difícil, mas não impossível. Por exemplo, um dicionário de expressões poderia ajudá-lo a aprender frases básicas. Ou alguém talvez pudesse servir de intérprete para que você entendesse os outros e fosse entendido por eles.
PAIS de adolescentes às vezes podem ter a sensação de estar numa situação parecida. Bem semelhante a uma língua estrangeira, o comportamento dos adolescentes pode ser difícil, mas não impossível, de compreender. O segredo é os pais tentarem interpretar exatamente o que está acontecendo nesse estágio de desenvolvimento que às vezes é emocionante, mas que costuma ser confuso.
Por trás do comportamento
O desejo de independência do jovem nem sempre é sinal de rebeldia. Lembre-se, a Bíblia diz que com o tempo “o homem deixará seu pai e sua mãe”. (Gênesis 2:24) A fim de se prepararem para maiores responsabilidades na vida adulta, os jovens precisam ter pelo menos alguma experiência em tomar decisões.
Considere o que pode estar por trás do comportamento mencionado pelos pais do artigo anterior.
Lia, da Grã-Bretanha, lamentou: “Quando meu filho entrou na adolescência, parece que de repente ficou mais teimoso e mais propenso a questionar nossa autoridade.”
Quando pequenos, os filhos sempre perguntam: “Por quê?” Mas ao se tornarem adolescentes, uma resposta breve e simples pode não ser suficiente para encerrar a conversa. Por que essa mudança? À medida que desenvolvem a capacidade de raciocínio, os jovens precisam de explicações mais detalhadas para que suas “faculdades perceptivas” possam ser treinadas. — Hebreus 5:14.
John, de Gana, disse: “Nossas filhas ficaram mais inseguras, especialmente quanto à aparência.”
Não importa se isso ocorre cedo, tarde ou na hora certa, o crescimento rápido que acontece na puberdade deixa muitos jovens excessivamente preocupados com a aparência. As meninas podem encarar suas novas curvas com alegria ou com apreensão — ou com uma mistura das duas. Acrescente a isso o aparecimento da acne — e o uso de maquiagem — e fica fácil ver por que os adolescentes parecem gastar mais tempo na frente do espelho do que na frente de um livro escolar.
Daniel, das Filipinas, explicou: “Nossos filhos costumavam esconder de nós o que faziam e pensavam, e queriam mais privacidade. Em geral, preferiam ficar mais com os amigos do que conosco.”
Esconder as coisas pode ser perigoso. Ter privacidade, por outro lado, é diferente. Até mesmo Jesus reconhecia a importância de “um lugar solitário, para isolamento”. (Mateus 14:13) À medida que crescem, os jovens também precisam de espaço; e é importante que os adultos respeitem isso. Certo grau de privacidade ajuda os jovens a pensar com clareza — uma habilidade vital que será de muito valor na fase adulta.
Do mesmo modo, aprender a fazer amizades faz parte do crescimento. É verdade que “más associações estragam hábitos úteis”. “O verdadeiro companheiro está amando todo o tempo e é um irmão nascido para quando há aflição.” (Provérbios 17:17) Aprender a fazer e manter boas amizades é uma habilidade essencial que vai acompanhar os jovens pelo resto da vida.
Quando confrontados com qualquer uma das situações acima, os pais fariam bem em usar de compreensão para não interpretar mal o comportamento dos filhos. Naturalmente, a compreensão precisa estar acompanhada da sabedoria, a habilidade de reagir a uma situação de maneira a produzir o melhor resultado. Como os pais de adolescentes podem fazer isso?
Atente agora para esse relevante fato:
À medida que desenvolvem a capacidade de raciocínio, os jovens precisam de explicações mais detalhadas sobre as regras da família. A partir de agora entra o em cena o papel da sabedoria.
Educar adolescentes — o papel da sabedoria
“Nós nos esforçamos para orientar nosso filho e nossa filha, mas a impressão que dá é que estamos sempre chamando a atenção deles por alguma coisa. Às vezes nos perguntamos se estamos desenvolvendo ou destruindo a autoconfiança deles. Encontrar o equilíbrio é um verdadeiro desafio.” — George e Lauren, Austrália.
EDUCAR um adolescente não é fácil. Além de lidar com os novos desafios que o filho apresenta, os pais talvez precisem enfrentar os próprios receios pelo fato de ele estar crescendo. “Os pais ficam tristes só de pensar que algum dia os filhos sairão de casa”, admite um pai na Austrália chamado Frank. “Não é fácil aceitar que você não está mais no controle da vida deles.”
Lia, citada nos artigos anteriores, concorda: “É difícil tratar meu filho como um jovem adulto, porque eu ainda o vejo como o meu filhinho. Parece que foi ontem que ele saiu para ir à escola pela primeira vez!”
Por mais difícil que seja de aceitar, os adolescentes não são mais criancinhas. São ‘adultos em treinamento’, e o papel dos pais é instruí-los e apoiá-los. Mas conforme George e Lauren disseram, os pais têm poder tanto para desenvolver como para destruir a autoconfiança do filho. Como os pais podem encontrar o devido equilíbrio?
Boa comunicação é vital
Precisamos aprender a ser ‘rápidos no ouvir’ e ‘vagarosos no falar’. (Tiago 1:19) Embora esse conselho seja bom para lidar com filhos de qualquer idade, ouvir é ainda mais importante ao lidar com adolescentes. E pode exigir grande esforço.
“Tive de melhorar minhas habilidades de comunicação quando meus filhos entraram na adolescência”, diz Peter, um pai na Grã-Bretanha. “Quando os meninos eram mais novos, minha esposa e eu dizíamos a eles o que fazer, e eles obedeciam. Mas agora que são mais velhos, temos de raciocinar com eles, conversar sobre o assunto e deixar que usem as próprias habilidades de raciocínio para resolver problemas. Resumindo, temos de tocar o coração.”
Ouvir é especialmente importante quando há um desentendimento. (Provérbios 17:27) Danielle, da Grã-Bretanha, pode confirmar isso. Ela conta: “Tive um problema com uma de minhas filhas por causa de sua maneira de me responder quando eu pedia para ela fazer algo. Mas ela me disse que eu sempre estava gritando com ela e dando-lhe ordens. Para resolver isso, tivemos de realmente escutar uma à outra. Ela descreveu meu modo de falar com ela e como isso a afetava, e eu falei sobre o que pensava e sentia.”
Danielle descobriu que ser ‘rápida no ouvir’ a ajudou a perceber uma questão mais profunda. Ela diz: “Agora procuro ser paciente com minha filha e tento falar com ela só quando não estou nervosa. Nosso relacionamento está melhorando.”
Provérbios 18:13 declara: “Quando alguém replica a um assunto antes de ouvi-lo, é tolice da sua parte e uma humilhação.” Greg, um pai na Austrália, descobriu que isso é verdade. Ele disse: “Às vezes temos desentendimentos com nossos filhos quando, em vez de ouvir primeiro e levar em consideração seus sentimentos, eu e minha esposa já vamos logo dando um sermão. Mesmo que discordemos totalmente de suas atitudes, vimos que é muito importante deixá-los expressar seus sentimentos antes de darmos o necessário conselho ou correção.”
Quanta liberdade?
Talvez a causa mais freqüente de desacordos entre pais e filhos adolescentes tenha a ver com a questão da independência. Quanta liberdade um adolescente deve receber? “Às vezes tenho a impressão de que, se dou a mão, ela quer o braço”, diz um pai a respeito de sua filha.
Obviamente, os resultados não serão bons se os jovens tiverem liberdade sem limites. “o rapaz deixado solto causará vergonha à sua mãe”. (Provérbios 29:15) Jovens de qualquer idade precisam de diretrizes sólidas, e os pais devem ser amorosos, mas firmes, ao garantir que as regras familiares sejam cumpridas. (Efésios 6:4) Ao mesmo tempo, é preciso conceder aos jovens certa independência, a fim de estarem mais bem preparados para tomar decisões sábias mais tarde na vida.
Pense, por exemplo, em como você aprendeu a andar. Primeiro, quando era bebê, tinha de ser carregado. Com o tempo, passou a engatinhar e então a andar. Naturalmente, ter mais mobilidade pode ser perigoso para uma criancinha. Assim, seus pais ficavam de olho em você e até colocavam barreiras para protegê-lo de áreas perigosas, como as escadas. Ainda assim, eles deixavam você se locomover sozinho, para que com o tempo — depois de várias quedas inevitáveis — você aprendesse a andar sem dificuldade.
Conseguir independência envolve um processo parecido. Primeiro, é como se os pais carregassem os filhos pequenos. Fazem isso ao tomarem decisões por eles. Depois, quando os filhos demonstram certo grau de maturidade, os pais deixam, por assim dizer, que eles engatinhem. Permitem que os filhos façam certas escolhas sozinhos. Ao mesmo tempo, colocam barreiras para protegê-los de coisas prejudiciais. À medida que os filhos se tornam mais responsáveis, os pais permitem que eles “andem” por conta própria. Depois, quando forem adultos, serão plenamente capazes de ‘levar a sua própria carga’. — Gálatas 6:5.
Aprenda de um exemplo bíblico
Pelo visto, quando era pré-adolescente, Jesus recebeu dos pais certa medida de independência, mas não abusou da confiança depositada nele. Ao contrário, ‘continuou a estar sujeito’ a seus pais enquanto “progredia em sabedoria e em desenvolvimento físico, e no favor de Deus e dos homens”. — Lucas 2:51, 52.
Como pai ou mãe, você pode aprender desse exemplo e dar mais liberdade a seus filhos ao passo que eles se mostram capazes de lidar com ela. Veja o que alguns pais têm a dizer sobre o que passaram nesse sentido.
“Eu interferia demais nas atividades dos meus filhos. Mas depois ensinei princípios a eles e deixei que tomassem decisões de acordo com o que haviam aprendido. A partir daí, notei que começaram a pensar melhor antes de decidir alguma coisa.” — Soo Hyun, Coréia.
“Eu e meu marido sempre ficamos um pouco apreensivos, mas não permitimos que isso impeça nossos filhos de exercerem de modo responsável a liberdade que conquistaram.” — Daria, Brasil.
“Percebi que é importante elogiar meu filho adolescente pelo modo como usa a liberdade que lhe concedo. Além disso, o que peço para ele fazer, eu também faço. Por exemplo, digo a ele aonde irei e o que estarei fazendo. Se vou me atrasar, eu o aviso.” — Anna, Itália.
“Em nossa casa, deixamos claro que a independência não é algo que nossos filhos têm o direito de ter, mas que precisam provar que são dignos de recebê-la.” — Peter, Grã-Bretanha.
Assumir as conseqüências
É provável que, com boas intenções, alguns pais protejam seus filhos adolescentes das conseqüências de ações insensatas. Por exemplo, suponha que um filho fique endividado por gastar dinheiro à toa. Que lição os pais dariam se simplesmente pagassem as dívidas dele? Por outro lado, que lição os pais ensinariam se o ajudassem a fazer um plano para que ele mesmo saldasse as dívidas?
Os pais não estarão ajudando os filhos se impedirem que eles aprendam das conseqüências de um comportamento irresponsável. Em vez de prepará-los para a vida adulta, fazer isso apenas lhes ensina que sempre haverá alguém para livrá-los de apuros, endireitar as coisas e encobrir os erros deles. É muito melhor dar aos adolescentes a oportunidade de colher o que plantaram e aprender a resolver seus problemas. Isso é importante para que “suas faculdades perceptivas [sejam] treinadas para distinguir tanto o certo como o errado”. — Hebreus 5:14
Reafirme sua autoridade
Em seu livro New Parent Power! (A Nova Autoridade Parental!), John Rosemond escreveu: “É fácil os pais se deixarem intimidar pelas grandes mudanças emocionais dos filhos e, para evitar confrontos, acabarem dando a eles mais responsabilidades do que podem assumir. Mas os pais devem fazer exatamente o contrário. Essa é a hora de reafirmar sua autoridade, em vez de permitir que seus filhos a ignorem. Por mais que não aceitem, eles precisam saber que seus pais estão prontos para assumir o controle.”
Quando dar mais liberdade
Em geral, os adolescentes querem mais liberdade do que devem ter. Ao mesmo tempo, alguns pais tendem a dar menos liberdade do que poderiam. Entre os dois extremos, há um ponto de equilíbrio. Como achá-lo? Para começar, considere a lista abaixo. Em que áreas seu filho está agindo com responsabilidade?
□ Escolha de amigos
□ Escolha de roupas
□ Uso do dinheiro
□ Voltar para casa no horário
□ Concluir tarefas domésticas
□ Fazer os trabalhos escolares
□ Pedir desculpas quando erra
□ Outros ․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․․
Se seu filho adolescente já demonstra maturidade em vários desses aspectos, por que não pensa em algumas maneiras de mostrar mais confiança nele?Deixem que expressem seus sentimentos,escute atentamente e haja com sabedoria.sempre!
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Credito da pesquisa:Copyright © 2014 Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania
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